terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Ruth.



        Há uma pessoa que eu teria o imenso prazer de conhecer nesta vida e, provavelmente, pelo andamento do meu futuro meio profissional não será tão difícil. Quem é ela? Ruth de Aquino. Se soa estranho para você, abra qualquer edição da revista Época, precisamente na última página - a última mesmo -, e lá estará uma das minhas verdadeiras divas. Não procure me entender quando digo "diva", sei muito bem o significado dessa palavra pois já recorri ao dicionário. Mas, sim, ela é diva. Mulher de posicionamento, atitude e ousadia. Uma jornalista sem igual.
        Se já a conhece, isto é ótimo porque você está num bom caminho. Sinceramente, devo muito a ela, é verdade. Como disse lá na minha primeira postagem, nunca fui de sair escrevendo feito um louco, nunca fui apaixonado por isso. Entretanto, depois que passei a ler suas colunas, tomei gosto pela coisa. Se evoluí ou despertei de vez um prazer adormecido, ela é a culpada. Este ano fui, praticamente, "forçado" a escrever devido aos diversos vestibulares para os quais prestei, apesar de não ter me sentido nem um pouco dessa forma. No embalo das redações que produzi, aprendi com a Ruth que não é preciso escrever muito tão pouco difícil, basta escrever bem e gostar da sua produção antes que qualquer outro goste ou não. Aprendi a colocar meu nome sem precisar de assinaturas, mostrar minha cara, bater de frente, deixar totalmente explícito o que quero dizer e defender.
         Por fim, recomendo que leia Ruth de Aquino. Principalmente, você que não a conhece, leia a coluna desta semana que está simplesmente maravilhosa. Inegavelmente, há determinadas pessoas pelas quais você se sente tão íntimo apenas pela admiração de seu trabalho antes mesmo de conhece-las pessoalmente. Ruth é uma. Ou melhor, é a.
 

domingo, 19 de dezembro de 2010

O que vem de fora.

    Sem dúvidas, há um determinado senso comum que critica as influências externas na construção da identidade própria, principalmente, na juventude. Pelo contrário, a presença constante daquelas é algo completamente inevitável na vida de qualquer jovem e pensar que isto é ruim é um grande absurdo.
    Conquistar sua verdadeira identidade não é desconsiderar um estilo ou uma ideologia alheia como uma forma de escudo. Muitos resistem a adesão do que vem de fora em prol unicamente de uma dita "busca em si próprio". Estes, certamente, não sabem que o que se entende por identidade, atualmente, está completamente incorreto. Querer se encontrar e defender aquilo que você é está vinculado, sim, as influências que afetam diretamente ou não as pessoas. Não gostar disto mas sim daquilo é uma forma de se conhecer cada vez melhor pois a partir daí ocorre um diálogo consigo mesmo, logo, as escolhas definirão quem realmente é.
    Reconheço ser uma tarefa árdua conquistar o verdadeiro "eu" com absoluta certeza pois o ser humano é indubitavelmente mutável. As mudanças, quando rapidamente percebidas, levam mais uma vez o jovem a mergulhar no dilema da falta de auto-afirmação. Entretanto, penso que esta não é uma questão tão preocupante e que tire o sono pois cada um tem, merecidamente, o seu próprio tempo de encontrar-se e estar bem consigo mesmo seja da maneira que for, até mesmo gostando do Fiuk e lendo cuidadosamente o seu livro, por que não?
     As influências estão aí para fazer parte dos moldes de uma identidade que pode ser passageira ou não. Seja na arte, no estilo de vida, opção sexual, musical, enfim, no cotidiano as influências nunca deixarão de estar presentes, portanto, saber selecioná-las é absolutamente crucial.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Fim?


    Dez para 13h. Prédio principal. Cheguei. Subi as escadas. Primeiro andar. “Onde será minha turma?” Quinta série. Enfim, me tornei um “pirra”. Tudo muito novo e muito grande. Tive medo. Entrei na sala, cadeiras duplas de madeira. Desci até o pátio pra pintar o muro do colégio. Gostei!
    Subi Novamente. Sexta série. As coisas já não eram tão estranhas assim pra mim. Agora, cadeiras individuais, afinal eu estava crescendo. De P1 a P8, fiz provas terças e sextas-feiras. Passei.
    Mais um andar, sétima série. Meus amigos agora eram miguxos. De que bonde eu era? BDL, BDG, BDM, BD-o-quê? Começava a andar em grupos nos recreios, idealizar alguma chance de paquera com o Ensino Médio e, claro, assistir na platéia vip o casal da vez no lendário muro da Estácio. Tolice. Eu ainda era uma criança.
Pela lógica, 5, 6, 7, 8, certo? Não. Alcancei o último andar para o Nono ano. Talvez seja o ano em que mais anarquizei, por pensar que no seguinte o papo seria mais sério. Ou não. Eu realmente estava com um pé aqui e outro lá.
    Mudança radical. Agora o uniforme ficou azul e mais maduro. O muro colorido desapareceu. O casaco de moletom, tive que guardar. A propósito, guardo até hoje. Muitas reformas. Estava eu no mesmo colégio?
    Primeiro ano do Ensino Médio. Acordei muito cedo. Às 7h eu estava lá. Provas aos sábados, ótimo. “Com que roupa eu vou?” A mesma pergunta eu fazia para as diversas festas de quinze anos. Participei de revoltas. Sem esquecer, caras novas chegaram ao colégio. Muitas com as quais me juntaria no ano seguinte.
    Segundo ano. Hora de dividir. Alguns mais apressados invadiram a Academia, formaram a menina dos olhos do diretor. Os outros permaneceram. Senti saudade, confesso. Nesse ano, se brinquei foi pela última vez e para esconder o nervosismo. Se fui sério, amigos, não consegui escondê-lo. Chorei vendo amigos queridos saindo pelo portão da frente e dando adeus. Adeus também segundo ano.
    Desci todas as escadas, passei pelo passado. Atravessei o pátio. Mergulhei na Academia. O terceiro e último ano. Presente com gosto de futuro. Palavra de ordem? Vestibular. Provas e mais provas, dias e noites estudando. Lutei contra o sono, o cansaço, manhã e tarde no colégio. Caí tantas vezes, levantei. Olhei ao redor, olhei meus amigos, professores, o colégio inteiro e pensei: Meu Deus, o que será de mim depois disso tudo? O que fazer? Para onde ir? Será que vou a algum lugar?
    Essa nossa rotina, tão amada e odiada, aos poucos se transforma em nostalgia. Sejam sinceros, a ficha já caiu para vocês? Falta pouco para uma das maiores mudanças de nossas vidas. Concluir a escola e entrar numa faculdade é o que almejamos.
    Essa situação, ao mesmo tempo em que nos enche de vontade e curiosidade, traz a tona medo e insegurança. Mas, se chegamos até aqui, porque não ir mais longe?
    Que esses sentimentos nos façam ter cautela e responsabilidade, mas nunca nos impeçam de sonhar. Afinal, o que é a adolescência se não isso? Sonhar, querer e lutar. É o tempo que temos para errar e arriscar e, com isso, crescer e evoluir.
    O futuro pode parecer incerto, e é mesmo. Mas se tivéssemos certeza, qual seria a graça de tentar? Que fique combinado desde já: vamos tentar sempre e construir tudo o que sonhamos. Vamos enfrentar monstros e gigantes, assim como foi na quinta série, mas no final, amigos, vamos conseguir!
    Só peço a vocês uma coisa, uma única coisa: não se permitam esquecer. Cresçam, mas mantenham vivos aquelas mesas duplas, o casaco de moletom, o tênis sujo e furado, a blusa rabiscada nos últimos dias de aula, o muro que pintávamos, as rebeldias e aflições, as festas e decepções, esse diploma.
Não poderia haver futuro brilhante sem essas memórias.


Texto dos oradores: Ana Beatriz Novais e Vinicius Barrozo.

domingo, 28 de novembro de 2010

"Rio, eu gosto de você"

Neste últimos dias, eu e você prestamos muita atenção ao Rio de Janeiro e o mundo conheceu a fundo a parte da cidade sem o "Rio de sol, de céu, de mar" da canção de Tom Jobim. Mesmo quem não é carioca da gema, não conseguiu ignorar os fatos. Separei boa parte do meu tempo para assistir ao que muitos já consideram como "Tropa de Elite 3", uma realidade nada confortante, e confesso que eu que ainda não vi a segunda versão nos cinemas, já não necessito mais o fazer.

Certamente, concordo e apoio as ações que estão acontecendo em prol do "combate ao crime brutal" nesta cidade já saturada, apesar de ainda me assustar com o cenário de guerra montado sob tanques e blindados e ter desconfiado, inicialmente, que todas estas medidas imediatas e classificadas pelo próprio governador do estado do Rio como "de médio a longo prazo" estejam muito mais enraizadas aos 2014 e 2016 que tanto sonhamos e conseguimos, ou seja, mostrar ao mundo que o Rio de Janeiro é a Cidade Maravilhosa . Sinceramente, agora não penso tanto nesta ideia que não é nada absurda e incomum para muitas pessoas. Acredito que existe, sim, um propósito muito maior que uma afirmação a nível global por dentro de todas estas ações policiais e militares nas favelas. Acredito que desta vez, ainda que tardiamente, o Rio de Janeiro está verdadeiramente disposto a sarar a própria ferida e estender suas mãos para os que tanto sofrem com a violência e o tráfico.

Isto não é uma guerra, não é um combate. Não é contra, mas a favor. São ações necessárias calcadas em uma só esperança: garantir o que tanto o asfalto como o morro querem, paz e segurança. Confio no trabalho das tropas, desejo muito sucesso nestas ações e creio, sim, na recuperação de bandidos submissos a uma realidade viciante e degradante. Toda esta movimentação não precisa mostrar ao mundo o que o Rio de Janeiro é. Eu sei que a minha cidade é maravilhosa e não a trocaria por nenhuma outra. Não mesmo.

Se o que estamos vivendo é um Tropa de Elite sem roteiro e efeitos de luz, então que o filme tenha um final feliz para todos. Mesmo com muito sofrimento e perdas, tenho fé de que tudo ficará bem, que as famílias temerosas deitadas no chão de suas casas possam levantar, que o Rio vire esta página e concretize a letra de samba escrita na carta de uma moradora do Complexo do Alemão entregue ontem aos policiais: "Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós". É o que realmente queremos!

VB.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Segurança é a chave.

Uma das coisas que venho acumulando em mim é a confiança. Engraçado, percebi que é tão gostoso confiar em si mesmo, e não apenas deixar que o outro confie em você, pois isto, apesar de ser ótimo, pode fazer com que se esqueça do que realmente importa: auto-confiança. Concorde: vivemos numa eterna competição. Somos completamente animais quando a questão é vencer. Hoje, eu acredito muito mais que a minha vitória é, necessariamente, a sua derrota. Eu sou seu adversário. Assim, para ganhar qualquer “parada” não basta apenas querer. Aliás, essa é uma frase que esse ano eu ouvi bastante: "Você só não consegue porque não quer." Entretanto, acredito que não basta dizer "sim, eu quero" e pronto, tudo o que desejo estará na palma da minha mão. Não é por aí. Acredito mesmo é na segurança!

Quem nunca viveu momentos de insegurança, que atire a primeira pedra. Mas não em mim, por favor. Sim, eu, por exemplo, já vivi vários e na maioria deles mais do que insegurança, faltou mesmo confiança. Se você atirou a pedra, não precisa me dizer que caiu no seu próprio pé porque eu já sei. Não tente se burlar. Confiança é algo tão importante na vida de qualquer pessoa que quando você sente que a perdeu por algum instante, de predador você passa a ser presa, e das fáceis. Não se esqueça que vivemos numa disputa em que qualquer deslize pode ser fatal. A esperança, as metas, os ideais, tudo se esvai. Logo, você começa a repetir "Não vou conseguir!" e isto, sim, se torna uma verdade.

"Tô lutando para chegar lá!", "Meu sonho é chegar lá!". Já ouviu alguma dessas frases? Ou melhor, já as disse para si mesmo? Sim, chegar lá não é mesmo uma tarefa fácil. Porém, seja o objetivo que for, não lute tão pouco sonhe sem estar realmente seguro de tudo o que rodeia este sonho ou objetivo. As pessoas estão cada vez mais esquecendo de olhar para si mesmas para entender que o único modo de encontrar o caminho certo que a leve ao ponto exato está dentro delas. Está dentro de mim, e de você. Sei que você, assim como eu, também quer alguma coisa que exige esforço, dedicação e atenção. Uns precisam de muito, outros de nem tanto. Não importa. Independentemente do que se deseja, deseje com segurança. Ela está aí, com certeza, não duvide da sua existência. Confiar em si próprio é pisar em terreno sólido, sem risco de rachaduras ou quedas, e não é tarde, nunca será tarde. Se cair, levante. Se chorar, chore, mas pare. Quando parar, ainda que com os olhos vermelhos e inchados, acredite em você. Mais relevante que qualquer pessoa acreditar na sua potencialidade por mais importante ela que seja, é crer no seu próprio eu.

Isso posto é pra te dizer: neste sábado e domingo ( 6 e 7 de novembro) o ENEM vai bater a minha e a sua porta e, além de caneta esferogáfica de tinta preta e a sua ansiedade para saber o tema da redação, leve consigo confiança, e por fim, tranquilidade. Ainda que todos torçam por você, o seu sucesso só não estará, de fato, comprometido se montar a sua própria torcida, se acreditar em si mesmo, de verdade. Você que sempre atirou pedras, neste final de semana vai tornar-se vidraça. Logo, a solidez desta vidraça vai depender, incondicionalmente, da sua própria segurança. Eu vou chegar lá, e você?

BOA PROVA!


V.B.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Tecnologia fagocitária.

É gritante. Os jovens estão cada vez mais mergulhados no mundo aparentemente fácil e definitivamente caro das bugingangas eletrônicas. Um mergulho tão profundo que parece não ter retorno a superfície. De um lado, enquanto se tornam mais dependentes de seus Ipods, celulares e outros milhões de aparelhos, do outro milionários como Steve Jobs (Apple) e Bill Gates (Microsoft) engordam suas fortunas e agradecem aos queridos jovens contribuintes e viciados. Pois, sim, a tecnologia se tornou uma droga.

Sim, você já deve estar pensando "Ué, mas isso é culpa da globalização!". Concordo, claro. Globalização ao alcance de todos. O mercado tecnológico é um dos que mais crescem no mundo porque as pessoas compram mesmo qualquer coisa. Repito: qualquer coisa. Um exemplo evidente: canal Polishop. Pode ter certeza que mais da metade de tudo que ali é exibido não condiz com nenhuma verdadeira necessidade. A pessoa compra porque... gosta de gastar dinheiro mesmo. Nos jovens, isso acaba virando um tsunami incontrolável  porque eles são os principais alvos desse mercado. Porém, ainda que você me convença com esse papo de globalização, vou continuar espantado com a nossa realidade. Aonde estudo, por exemplo, a maioria está sempre conectada a algum aparelho eletrônico - dentre eles, o celular é o campeão - e, simplesmente, não conseguem se desgrudar deles. É praticamente uma questão de vida ou morte. Pessoas passam mal se ficarem um dia sem seu filhotinho eletrônico. Eu penso que futuramente ninguém mais precisará ter filhos, basta ir ao shopping e comprar o seu, personalizado e na cor que você preferir. Que tal? É, eu sei que é um absurdo. Gosto de ir longe demais nos assuntos que me intrigam.

Pior: se isso acontece frequentemente entre os jovens, com as crianças, então. Meu primo de 9 anos já tecla na mesma velocidade que eu, tem orkut, e-mail, msn, ouve musicas no Ipod do irmão, não vive sem o Playstation tão pouco sem o seu Nintendo DSi. E mais, dá um banho de tecnologia em cima de mim que me sinto, literalmente, um idiota. Esta é uma geração que já nasceu embebida na tecnologia e a tendência é só aumentar. Serão jovens muito mais dependentes dos atuais e, infelizmente, mais vulneráveis. Eu, com 9 anos, não era metade disso. É, os tempos são outros. Prefiro não pensar como virão as próximas gerações. Talvez já no chá de bebê do meu filho, eu inclua na lista um protótipo de video game já da geração seguinte. Espero fazer amizade com algum maluco da Sony.

Por fim, a realidade é nua e crua: cada um no seu quadrado, como diz o funk. Uma realidade muito pouco edificante. Um se refugia num canto ouvindo Lady Gaga e com medo de ser descoberto, outro anda pra lá e pra cá falando com a namorada que viu no dia anterior ao telefone e dizendo que está morrendo de saudades, outro twitta  (sim, se você não sabia já virou um verbo) a cada dois segundos no meio da aula. Todos juntos e muito distantes ao mesmo tempo. Não se preza mais pelo contato direto entre as pessoas, pelo abraço, pelo "jogar conversa fora", pelo discutir frente a frente, nem mesmo pelo "bom dia!" Ninguém mais sabe o que é isso. As relações em sociedade diminuem bruscamente e se tornam cada vez mais pífias. Até o sexo virou coisa virtual. Transar pela rede está crescendo tanto que... Ah, quer saber? Isso até me desestimula a escrever mais. Não acredito que consiguiram chegar a tanto. Não mesmo. O mundo está, realmente, de pernas para o ar. Jovens, continuem sendo fagocitados, em todos os sentidos, pela tecnologia!

Obs: Assunto sugerido por um grande amigo, Ramon. Obrigado!

V.B.

domingo, 31 de outubro de 2010

"Olha o passarinho!"


O fotógrafo

Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada a minha aldeia estava morta.
Não se ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas.
Eu estava saindo de uma festa
Eram quase quatro da manhã
Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado.
Preparei a minha máquina
O Silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada
Preparei a minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.
Fotografei o perfume.
Vi uma lesma pregada mais na existência do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.
Fotografei o perdão.
Olhei uma passagem velha a desabar sobre uma casa.
Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre.
Por fim enxerguei a Nuvem de calça.
Representou para mim que ela andava na aldeia de braços com
Maiakovisk - seu criador.
Fotografei a Nuvem de calça e o poeta.
Nenhum outro poeta no mundo faria roupa
mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal.

                                           Manoel de Barros.

Sim, concordo. Obra fantástica.
A arte é, sem dúvidas, a manifestação mais íntima de nós, seres humanos. Não sou a melhor tão pouco uma boa pessoa para discutir seguramente sobre Arte, abrangendo todas as suas inúmeras formas. Entretanto, particularmente, aprecio e pratico muito a arte de fotografar. A fotografia, é sabido, começou ainda muito frágil, primitiva, com equipamentos um tanto complexos e funcionamento demorado. Hoje, com apenas o simples toque do seu dedo, ela surge e retrata o que quisermos. Talvez essa seja a grande fantasia: retratar o que quisermos. Conheço pessoas que vivem com uma máquina de prontidão como se fosse um utensílio vital, fotografando qualquer momento, atenciosas para não deixar passar nenhum minuto. Com a facilidade crescente de fotografar, hoje, não se preza tanto a lembrança, a capacidade de arquivar momentos na memória e ali ficar. A fotografia é uma segurança de que aquele momento não passou despercebido, e foi importante pelo valor atribuído. Mas será mesmo que foi importante? Por que as pessoas sentem o que eu considero como uma necessidade de estar sempre registrando por meio de uma máquina os prazeres momentâneos?

Confesso: apesar de apreciar muito a fotografia, não acredito nela. Na arte, todas as coisas são parecidas com o que acontece, mas não são o que acontece. Com a fotografia não é diferente. Quando você olha suas fotos de quando criança, por exemplo, alguns sentimentos devem crescer no seu coração e na sua mente, sejam eles bons ou ruins. O fato é que, por mais que você recorde pela aquela foto um determinado momento, pode estar certo que o que você vê é algo parecido com o que realmente aconteceu. A fotografia tem esse poder: transportar você do real para o fantástico. Dessa forma, sua mente ganha asas e você viaja para o lugar que preferir. Toda vez que entro em qualquer livraria sempre procuro pelo livros dos fotógrafos profissionais. Não espere que eu vá citar o nome deles pois eu não gravo nenhum. Não preciso comprá-los para me deliciar e viajar, pois ali mesmo, eu sento em qualquer lugar e a cada página surge uma surpresa diferente. Gosto, particularmente, das fotos cotidianas, fotos em movimento, naturais por justamente registrarem a espontaneidade das coisas e das pessoas. Ainda que eu acredite que elas são apenas uma verossimilhaça do real, não resisto, defitivamente. Muito menos quando eu sou o que monto o retrato. Não consigo achar as palavras certas agora, mas quando pego numa máquina e começo a fotografar, é um prazer enorme que sinto, uma sensação indescritível.

Porém, apesar de ser simplesmente genial, a fotografia não poderia ser perfeita. Quando perguntei por que as pessoas sentem cada vez mais necessidade de gravar momentos num papel, a minha resposta pode não ser amigável, caro leitor. Se você se preocupa em regitrá-los, é porque facilmente os esqueceria. Logo, não foram tão importantes quanto você pensa. É assim que eu vejo nossa realidade. A capacidade que temos de armazenar as coisas verdadeiramente significativas na vida é gigantesca. Há quem se entristece por não ter conseguido tirar tal foto com tal pessoa ou em tal lugar, quando não há razão para tanto. A memória é a melhor máquina fotográfica que existe, e se o fato, a pessoa ou a situação foi, certamente, relevante, Não preocupe, amigo. Guarde a camêra, a foto já está na sua mente.

Por fim, gostaria que relesse "O fotógrafo" (...) Obrigado. É apenas um comentário conclusivo, não tomarei mais seu tempo. A obra de Manoel de Barros é mesmo fantástica, pois transcende para nós o que a nossa alma não consegue fotografar: o silêncio, o perdão, o sobre... "O fotógrafo" é tão sensível e subjetivo que aposta com segurança num novo jeito de olhar, enxergar e entender o que está além dos nossos olhos, o que está no interior do que se ofusca. Logo, da próxima vez que for tirar uma foto, pense nisso! Garanto que ela sairá com mais nitidez e verdade. Ah, não esqueça: Diga XIIIIIIIIIIIIIS! É. "A foto saiu legal".

V.B.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Falta pouco para o último capítulo.


2010 mostrou mais uma vez que o Brasil ainda não sabe votar para os seus representantes. Pior: as eleições deste ano corroboraram para o fato de que não há como separar o trigo do joio. Por quê? Todos são joio. Sim, concordo com você que afirma que a falta de boas opções para governar os principais cargos políticos deste país é um grande obstáculo no dia em que você precisa apertar a tecla verde da urna eletrônica. Porém, não se vitimize apoiando-se nessa realidade. Desde muito tempo, os brasileiros não sabem o que é votar verdadeiramente. Dois períodos esgarçantes da nossa história - o Estado Novo, de Vargas e o golpe militar de 64 - não estimularam o bastante a sede por democracia. Não estou esquecendo aqueles que lutaram até a morte por ela, pelo contrário, os respeito incondicionalmente, mas, sinceramente, observando o que se apresenta no nosso atual quadro político não considero que muita coisa tenha mudado.

Primeiro, calaram a boca dos humoristas brasileiros que não puderam brincar com algo "tão sério" como o período de eleições. Engraçado, eu ri dessas eleições mesmo com o silêncio do humor. Sinceramente, não entendi muito bem qual era a real dessa medida contra os humoristas ao ver, na TV, o vídeo de candidatura do nosso querido palhaço Tiririca. Para você que pensava, assim como eu, que ele estava morto, o PR ressuscitou uma figura icônica em nossa politicalha. Sim, eu ri muito! Ri mais ainda quando vi um ser extraordinário como este receber cerca de 1.300.000 votos para deputado federal. Agora eu pergunto a você: falta de opções ou desconhecimento ao voto? Não ouça o revolucionário de quinta que diz ser uma forma de reivindicar a situação torpe da nossa política votando num palhaço. Este é mais palhaço que o próprio Tiririca. A verdade é simples: o eleitor não aprendeu a lição. Logo, depois de eleito, a bomba: Tiririca é ou não analfabeto? A mídia fez questão de fazer todo um drama enfeitado em cima desta dúvida. Claro, não vou dormir sem saber isso, e você?! Eu gostaria, realmente, que ele fosse analfabeto mesmo. Que tal eleger um representante oficial de uma das nossas grandes doenças sociais: o analfabetismo? Irônico, não?!

Lá vai. Erenice Guerra ganha um caso escandaloso, capa de várias revistas, muitas reportagens, e pareceu gostar. Em Brasília, a esposa, dona-de-casa dedicada, espectadora assídua do Mais Você, de um dia para o outro torna-se candidata pelas falcatruas de seu querido marido. Serra é atacado com denúncias contra sua filha, e chora, depois  por uma bolinha de papel e um rolo adesivo no bairro de Campo Grande (Rio), não chora mas faz tomografia num hospital de Botafogo. Por que não o hospital Albert Schweitzer, em Realengo, candidato?. Plínio é praticamente um túmulo ambulante nos debates televisivos, coitado. Resultado: Voto unânime nos cemitérios brasileiros. Além disso, vimos o ex-pagodeiro Waguinho que agora é filho do Senhor, a ex-mulher da Furacão 2000, agora Mãe-Loira. Outro ex-pagodeiro, também filho do Senhor, Netinho de Paula, que não quis declarar alguns carrinhos e uma simples mansão. Claro, e a estrela Romário? Sua candidatura "Vote no Romário. Ele já é rico, e não vai roubar" Precisa comentar? Sem esquecer das diversas figuras engraçadíssimas no Horário Político que foram motivo de risos entre jovens nas escolas e universidades. Um verdadeiro picadeiro. Imagine você se os humoristas não fossem silenciados.

No Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o Pacificador, reeleito. Supresa? Não. Chuva de UPPs para a satisfação do povão. Que alegria! No Senado, o rostinho simpático e bem tratado de Lindberg que saiu dos braços do bonde da Baixada ao lado do lendário Crivella, quase um zumbi, sem querer ofender, é claro. Já na presidência, o confronto: Dilma versus Serra. Quem ganhará? De um lado, a bonequinha de Lula, aquela que "dará continuidade aos feitos de nosso presidente". Pense na Dilma sem o Lula! Do outro, o criador dos Genéricos, filho do inesquecível governo de FH, o protegido da maior metrópole brasileira. Pense no Serra sem São Paulo! Eu, realmente, me espanto ao ver como a campanha política desses dois candidatos se tornou uma batalha de trincheiras. Um ataca dali, outro ataca de lá. Agressões a todo custo. Falsidade atrás de falsidade. Mentiras pra lá de escabrosas. Projetos faraônicos para iludir a população. Promessas que nós sabemos que não serão cumpridas. Campanhas que mais parecem filmes hollywoodianos, com efeitos fantásticos, pessoas pagas para chorar e um sorriso esquematizado no computador. E um final pouco incomum: uma verdadeira falta de respeito com o povo brasileiro. Faltam exatamente cinco dias para toda essa novela acabar. Cinco dias para presenciarmos o destino de nossas terras tupiniquins, apesar de todas as pesquisas já apontarem para uma poltrona rosa e um batom vermelho na mesa presidencial do Palácio do Planalto.

Eu, particularmente, não voto em nenhum dos dois porque escolhi não votar já nesse ano. Decidi não fazer parte desta vergonha, por enquanto. Porém, sendo Dilma ou Serra o vencedor, esperamos que saibam governar com segurança e inteligência. Segurança para não errar quando a questão é o povo. Inteligência para entender que o erro, no Brasil, se prolonga por muito tempo. Outros governantes erraram na Saúde, na Educação, na Habitação, na Pobreza. Hoje, o erro continua existindo. Queremos um presidente que olhe para os doentes nos corredores dos hospitais sem pena, que olhe para uma sala de aula com culpa, que vá para a rua e não dê esmola para o pobre mendigo, que não dê um facão para a criança trabalhar, que não plante o heroísmo do tráfico na mente dos jovens. Confesso: no dia 1º de novembro de 2010, eu vou acordar com uma preocupação: O que esse presidente vai fazer com o meu país? Não gostaria de considerar esta resposta que logo virá como fruto de uma realidade inatingível, mas é isto que eu quero presenciar: pacientes bem tratados nos hospitais, escolas preparadas com professores valorizados, pessoas antes abandonadas, agora com uma vida melhor, crianças brincando, sendo exatamente o que são, jovens longe das drogas e das armas que certamente os matariam.

Afinal, quanto tempo mais é preciso para que nós saibamos, de fato, o que é, como, e porquê votar? Cinco dias são desprezíveis para isso. No dia 31 de outubro, você vai se deparar com uma urna eletrônica e não saberá, novamente, o que fazer mesmo pensando que sabe. Não se culpe por isto, não mesmo. Se chegamos a este ponto, certamente, não é porque você é ignorante, acomodado ou burro. Se assim sentir-se, lembre-se que nós dois vivemos num sistema político sujo e mal trabalhado, nascido e criado nas entranhas e no berço da corrupção. Talvez seja realmente difícil saber o que fazer em meio a este verdadeiro ninho de cobras.
Com a licença de Ruth de Aquino, em sua coluna na revista Época desta semana, eu reitero: "Que bom. Falta só uma semana."

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Os relógios de Dali, de Cassiano e o seu.

 Quadro: Salvador Dali


Relógio

Diante da coisa tão doída
conservemo-nos serenos.

Cada minuto da vida
nunca é mais; é sempre menos.

Ser é apenas uma face
do não ser, e não do ser

Desde o instante em que se nasce,
já se começa a morrer.

                                 Cassiano Ricardo.

Começo com estas duas obras que não só chamam muito a minha atenção, como também transportam  a minha mente para um mundo completamente desprendido do qual nós vivemos. Não sei se causariam o mesmo impacto para você, porém o que importa mesmo é que isto sirva de estímulo para que as pessoas reflitam cada vez mais sobre a vida e a sua relação com o tempo.

Estava eu, habitualmente, procurando temas para produzir minhas redações quando resolvi entrar no site do Vestibular UERJ para conferir as propostas de provas anteriores. Dentre todas, uma realmente fez meus olhos arregalarem, este era o seguinte tema do vestibular 2005: "Qual a melhor fase da vida e qual a mais difícil de ser vivida?". Eu, infelizmente, não posso, daqui, olhar a sua expressão ao se deparar com isto. Se você é do grupo 'Ah! Teminha tranquilo, faço mole!', eu respeito, é claro, mas não acredito em você. Se você é daquele 'Que tema! Como vou falar sobre isso? A melhor, a mais difícil? Subjetivo demais isso', somos do mesmo grupo. Convenhamos, subjetivo é. Se eu estivesse fazendo essa prova, lá na hora do 'tudo ou nada', certamente, demoraria mais do que o normal para produzir uma redação profunda. O objetivo aqui não é falar da prova, tão pouco julgá-la se estava certo ou não expor um tema tão rico como este a um simples exame de vestibular feito por jovens que não sabem nem o que é melhor ou pior para si mesmos.

Afinal, será mesmo que há como respoder essa pergunta com total segurança? Se partirmos do pressuposto de que o que é melhor ou difícil para você pode não ser para mim, entramos numa eterna divergência. Eterna mesmo, sem hipérbole! Então não espere pela minha opinião acerca, pois sou um blogueiro iniciante, logo, não quero chocar você agora, tão pouco fazer com que você não venha mais me visitar. O que eu quero é interligar a obra de Dali, o poema de Cassiano Ricardo e a proposta da Uerj para fazer você refletir sobre isso, e se estiver a vontade, dizer o que você acha. Antes deste post, conversei com alguns amigos sobre o tema proposto para redação. A conclusão foi a ausência dela. Enquanto uns preferiram a infância como a melhor fase, outros preferiram a fase dos 30, alguns afirmaram que a juventude é a mais difícil, ou que a fase adulta é "foda", outros que a velhice, sim, é a melhor. Independente de cada opinião, uma certeza: Cada momento da vida, seja fácil ou difícil, necessita ser vivido com toda intensidade. Sim, pode parecer jargão, e é. Mas não há como negar.

Quando vejo o quadro de Dali e o texto 'Relógio', uma catarse de intertextualidade transborda na minha cabeça. Antes eu tinha uma grande dificuldade de interpretar verdadeiramente esta frase: "Viva a vida intensamente!". Pra mim era simplesmente curtir sem parar, não se limitar, viver loucamente no estilo Lady Gaga ou mesmo 'viver o lado Coca-Cola da vida' (Nossa! Este foi... deixa pra lá). Não sou contra quem vive à la Lady Gaga nem mesmo quem vive à la Coca-Cola. Mas o Relógio me ensinou mais. Sobe a página, e lê duas vezes a última estrofe. (...) E aí, entendeu? Não? Vou ajudar: EU TÔ MORRENDO E VOCÊ TAMBÉM! Não chore. Eu não chorei, mas é essa a realidade. Quanto mais o tempo passa, menos falta pra todos nós. Sempre foi assim, sempre será. Salvador Dali foi muito feliz ao compor este quadro maravilhoso porque reflete exatamente o que é a nossa vida: o Relógio de Cassiano, derrentendo e se despedaçando paulatinamente. Foi isto que me ajudou a entender melhor o sentido do viver intensamente. O relógio não para, os minutos estão passando, o tempo está passando, e não dá pra você parar e pensar 'Ah! Qual é a melhor fase da vida mesmo? E a mais difícil?'. Não pense nisso agora. Apenas siga vivendo. Pessoas muito mais velhas do que eu nunca pararam para pensar nisso, por que eu ou você o faremos? Não condeno a riqueza de tal questionamento, só acho necessário, primeiramente, viver, viver de verdade, com todas as alegrias e decepções, com todos os arrependimentos e angústias.

Não fique com medo! Vale a pena, sim, desperdiçar alguns minutos de sua vida lendo o Relógio de Cassiano ou observando o de Dali. E quanto ao que é melhor ou difícil na nossa vida? Vou viver primeiro, e se eu lembrar, será você o primeiro a saber, pode deixar. Faça o mesmo, antes que o seu relógio derreta!

V.B.




quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Os 33 de lá e os bilhões de cá.


O Chile e o mundo não esquecerão. 33 vidas - ou melhor, subvidas - sob os nossos pés, aprisionadas por mais de 2 meses. Chegou ao fim!
Uma simples tampa de metal sobre a porta de entrada da esperança para estes mineiros simboliza o marco-zero de um acontecimento histórico não só para a mineração como, principalmente, para a humanidade.

Ao ver a cena do primeiro mineiro saindo da Fênix e, logo em seguida, abraçando sua família, tive apenas uma certeza: não sabemos, de fato, os limites do ser humano. A maioria das pessoas esperavam que aqueles rapazes saíssem, no mínimo, transtornados, desequilibrados, doentes ou com alguma séria dificuldade. Não que isso seja esperar pelo mal deles, porém ao pensar na situação por que eles passaram, talvez realmente seja isso o mínimo que poderia ocorrer após a sua saída. Mas não. Mais de dois meses em meio a uma profundidade inimaginável por muitos e, possivelmente, pelos próprios mineiros não foram poderosos o bastante para solapar a vida desses homens. Pude ver o sorriso em seus rostos, a alegria de cada um ao ver suas mulheres, filhos e amigos, a disposição tanto para ajoelhar e agradecer a Deus por estarem a salvo quanto para vibrar e fazer festa. Heróis? Prefiro, realmente, não considerá-los assim. Deixemos o domingo chegar para ouvir trocentas vezes a palavra 'heróis' na mega reportagem já previsível acerca deste fato no Fantástico. Eu os considero escolhidos. Sim, escolhidos. Trinta e três pessoas escolhidas para provar a nós que o ser humano tem um poder infindável de superar as mais adversas situações. Trinta e três pessoas escolhidas para sofrer, sofrer mais uma vez e ganhar. Trinta e três homens que estiveram lá, aonde ninguém gostaria de estar, e ressurgiram, literalmente, das cinzas quando muitos já esperavam o pior.

Que eu e você jamais esqueceremos esse acontecimento, que os mineiros chilenos, certamente, ocuparão as páginas dos futuros livros de História e que o mundo inteiro se sensibilizou frente a uma realidade quase hollywoodiana, isso nós sabemos. Você também sabe que, a partir de agora, o marketing e a mídia vão lucrar muitas cifras com os resultados deste desastre e, daqui a pouco, você pode se deparar com um livro "Eu sobrevivi - O que os mineiros tem para contar" na vitrine da sua livraria favorita ou com muitos dos mineiros sendo disputados a tapa por entrevistas e mega documentários. Essa realidade não é nenhuma surpresa, pois não importa o que aconteça, sempre haverá uma forma de lucrar com qualquer coisa. Porém, há algo que eu não sei e, com certeza, você também não sabe: O que, de verdade, este desastre representa na vida de cada pessoa deste planeta? Será mesmo apenas superação, vontade de vencer e esperança de que tudo vai ficar bem? O que isso representa pra você? Aonde isso te toca? Fatos como este não ocorrem simplesmente por um acidente. Há algo que vai além disso tudo, muito além.

Pensar nisso não é perda de tempo. Há quem ache não ter nada a ver com isso, eu sei. Entretanto, feliz ou infelizmente, tem sim. O que ocorreu com aquele grupo de escolhidos também aconteceu comigo e com você. Nós também ficamos ali naquele espaço, naquela escuridão, sem perspectiva, sem nada. Apenas com uma certeza: não ter certeza de nada. Uma tampa de metal fechou simbolicamente aquela mina, porém durante muito tempo ela ainda estará aberta nas mentes de 33 vidas de lá e de bilhões de cá.

V.B.


(e-mail para sugestões: vinicius.barrozo@yahoo.com / twitter @barrozovinicius)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Comece.

Todas as pessoas - ou grande parte delas - identificam alguma aptidão ou vocação, até mesmo uma inclinação ainda que bem primitiva na sua infância e, agora, isso se reflete de uma maneira significativa. Por exemplo, conheço pessoas que desde pequenas gostam de plantas e animais. Hoje, ou são biólogas ou veterinarias, ou estão buscando os ser. Na verdade, só conheço pessoas - poucas - que objetivam ocupar tais profissões e, é claro, torço muito por elas. Outras pessoas, quando crianças, adoravam ganhar os instrumentos de brinquedo, daqueles bem coloridos e que piscam interminavelmente. Bem, essas crianças, hoje, são músicos consagrados ou jovens músicos frequentadores do Villa-Lobos ou da sua propria garagem. Outros exemplos se verificam na arte de desenhar, cantar, dançar, escrever, enfim. Cada aptidão ou inclinação de outrora é, hoje, o porquê de muitas pessoas serem o que são, fazerem o que fazem ou objetivarem ser "alguém".

Sinceramente, até duas horas atrás eu não conseguia identificar algo na minha infância que me faria projetar um futuro ou até mesmo um presente baseado nisso. Sim, desde pequeno eu gosto de dançar. Não, não sou dançarino nem almejo ser. Sim, desde pequeno gosto de fazer os outros rirem. Não, não sou palhaço nem o quero ser. Sim, desde pequeno eu gosto de tecnologia. Não, não tenho nenhuma puta invenção da Apple e só me limito a esta máquina a qual escrevo. Sim, desde pequeno escrevo porque gosto e porque sei o que escrevo, porém, não quero cursar Letras tão pouco vender milhões com livros bem posicionados na vitrine da Saraiva.
Entretanto não sei explicar como nem mesmo porquê. A umas duas horas atrás, estava sentado, de frente para uma montanha de livros, folhas e provas, estudando em pleno feriado, quando parei, coloquei as duas mãos no rosto e pensei: 'Comece!' . Não me pergunte o que isso tem a ver com a infância, pergunte apenas para si mesmo. Mas já vou falando: tem muito a ver. Você já se sentiu com vontade começar alguma coisa que não sabia mesmo o que? Se for dizer 'não' porque realmente nunca sentiu, eu compreendo. Se for dizer 'não' para ser engraçadinho, pare de ler agora. Enfim, eu senti isso hoje.

Não vou me aprofundar muito em algumas coisas porque não quero que isso vire meu diário virtual. Pode ser  que isso seja efeito do Dia das Crianças. Aliás, parabéns pra elas! O fato é que eu tinha que começar. Foi quando lembrei de um desejo antigo: não só criar, como manter um blog. Saí do quarto, entrei no escritório, abri meu msn (sem motivo, pois já me parece inútil, mas dessa vez não o foi), quando a Michelle (Tinoco, para os mais curiosos) falou comigo. Foi aí que eu a bombardeei: 'Tô pensando em fazer um blog" . Sabe quando você quer fazer algo, mas ainda inseguro, fala com alguem com a esperança de ser apoiado, estimulado? Sim, foi o que ela fez, obrigado. E tá aqui. Comecei.

A exatamente duas horas atrás, eu repensei a minha infancia. Com certeza, se não o fizesse, jamais faria o que agora estou fazendo. Desde criança gosto de escrever. Exatamente hoje, aos 17 anos, sei que isso se reflete, sim, na minha vida. Talvez você esteja precisando começar algo, ou conheça alguém nesta situação. Se você conhece alguém, estimule, apoie o seu começar. Caso a pessoa seja você, eu te estimulo, eu te apoio. COMECE!

V.B.


(Essa é a minha primeira postagem, espero realmente manter esse blog e, claro, quero escrever sobre assuntos sugeridos pelas pessoas. Podem enviar pelo e-mail ou twitter @barrozovinicius)