quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Fim?


    Dez para 13h. Prédio principal. Cheguei. Subi as escadas. Primeiro andar. “Onde será minha turma?” Quinta série. Enfim, me tornei um “pirra”. Tudo muito novo e muito grande. Tive medo. Entrei na sala, cadeiras duplas de madeira. Desci até o pátio pra pintar o muro do colégio. Gostei!
    Subi Novamente. Sexta série. As coisas já não eram tão estranhas assim pra mim. Agora, cadeiras individuais, afinal eu estava crescendo. De P1 a P8, fiz provas terças e sextas-feiras. Passei.
    Mais um andar, sétima série. Meus amigos agora eram miguxos. De que bonde eu era? BDL, BDG, BDM, BD-o-quê? Começava a andar em grupos nos recreios, idealizar alguma chance de paquera com o Ensino Médio e, claro, assistir na platéia vip o casal da vez no lendário muro da Estácio. Tolice. Eu ainda era uma criança.
Pela lógica, 5, 6, 7, 8, certo? Não. Alcancei o último andar para o Nono ano. Talvez seja o ano em que mais anarquizei, por pensar que no seguinte o papo seria mais sério. Ou não. Eu realmente estava com um pé aqui e outro lá.
    Mudança radical. Agora o uniforme ficou azul e mais maduro. O muro colorido desapareceu. O casaco de moletom, tive que guardar. A propósito, guardo até hoje. Muitas reformas. Estava eu no mesmo colégio?
    Primeiro ano do Ensino Médio. Acordei muito cedo. Às 7h eu estava lá. Provas aos sábados, ótimo. “Com que roupa eu vou?” A mesma pergunta eu fazia para as diversas festas de quinze anos. Participei de revoltas. Sem esquecer, caras novas chegaram ao colégio. Muitas com as quais me juntaria no ano seguinte.
    Segundo ano. Hora de dividir. Alguns mais apressados invadiram a Academia, formaram a menina dos olhos do diretor. Os outros permaneceram. Senti saudade, confesso. Nesse ano, se brinquei foi pela última vez e para esconder o nervosismo. Se fui sério, amigos, não consegui escondê-lo. Chorei vendo amigos queridos saindo pelo portão da frente e dando adeus. Adeus também segundo ano.
    Desci todas as escadas, passei pelo passado. Atravessei o pátio. Mergulhei na Academia. O terceiro e último ano. Presente com gosto de futuro. Palavra de ordem? Vestibular. Provas e mais provas, dias e noites estudando. Lutei contra o sono, o cansaço, manhã e tarde no colégio. Caí tantas vezes, levantei. Olhei ao redor, olhei meus amigos, professores, o colégio inteiro e pensei: Meu Deus, o que será de mim depois disso tudo? O que fazer? Para onde ir? Será que vou a algum lugar?
    Essa nossa rotina, tão amada e odiada, aos poucos se transforma em nostalgia. Sejam sinceros, a ficha já caiu para vocês? Falta pouco para uma das maiores mudanças de nossas vidas. Concluir a escola e entrar numa faculdade é o que almejamos.
    Essa situação, ao mesmo tempo em que nos enche de vontade e curiosidade, traz a tona medo e insegurança. Mas, se chegamos até aqui, porque não ir mais longe?
    Que esses sentimentos nos façam ter cautela e responsabilidade, mas nunca nos impeçam de sonhar. Afinal, o que é a adolescência se não isso? Sonhar, querer e lutar. É o tempo que temos para errar e arriscar e, com isso, crescer e evoluir.
    O futuro pode parecer incerto, e é mesmo. Mas se tivéssemos certeza, qual seria a graça de tentar? Que fique combinado desde já: vamos tentar sempre e construir tudo o que sonhamos. Vamos enfrentar monstros e gigantes, assim como foi na quinta série, mas no final, amigos, vamos conseguir!
    Só peço a vocês uma coisa, uma única coisa: não se permitam esquecer. Cresçam, mas mantenham vivos aquelas mesas duplas, o casaco de moletom, o tênis sujo e furado, a blusa rabiscada nos últimos dias de aula, o muro que pintávamos, as rebeldias e aflições, as festas e decepções, esse diploma.
Não poderia haver futuro brilhante sem essas memórias.


Texto dos oradores: Ana Beatriz Novais e Vinicius Barrozo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário